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O economista também refletiu sobre os avanços e desafios do país desde a Revolução dos Cravos.

Nobel da Economia alerta para vulnerabilidade económica de Portugal

Paul Krugman, economista norte-americano laureado com o Prémio Nobel da Economia em 2008, esteve recentemente em Lisboa para participar na conferência “Falar em Liberdade”, organizada pelo Banco de Portugal em comemoração dos 50 anos do 25 de Abril. Durante sua intervenção, Krugman afirmou que Portugal está “ligeiramente mais exposto” aos impactos da guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos do que a média dos países europeus.

Segundo Krugman, apesar de essa exposição não ser alarmante, trata-se de um fator importante a ser monitorado. Ele reforçou que Portugal, por ter uma economia bastante aberta e dependente do comércio internacional, acaba sentindo mais intensamente os efeitos de instabilidades no cenário global.

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A conferência “Falar em Liberdade” e a análise de Krugman

No evento realizado pelo Banco de Portugal, Krugman compartilhou suas reflexões sobre o estado atual da economia portuguesa, destacando os riscos externos que o país enfrenta, mas também reconhecendo seus avanços estruturais e institucionais.

Ao abordar a guerra comercial liderada pelos EUA, o economista perguntou: “À medida que esta guerra comercial se desenvolve, quão exposto está este país?” A sua resposta foi clara: “Provavelmente um pouco mais exposto do que o país europeu médio.”

Apesar disso, Krugman destacou que a pertença de Portugal à União Europeia funciona como um mecanismo de proteção. O bloco europeu proporciona estabilidade por meio de políticas econômicas comuns e de um mercado interno robusto, o que, na visão do Nobel, atenua significativamente os efeitos adversos das tensões comerciais globais.

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Por que Portugal está mais exposto?

A explicação para essa maior vulnerabilidade está no perfil da economia portuguesa. Trata-se de uma economia aberta, fortemente integrada ao comércio internacional e à cadeia de valor europeia. Isso significa que qualquer disrupção nos fluxos comerciais internacionais — como barreiras tarifárias ou restrições logísticas — pode afetar diretamente as exportações portuguesas.

Além disso, Portugal depende de setores como turismo, indústria e exportações agrícolas, todos sensíveis a variações na economia mundial. A própria geografia do país, posicionada na extremidade ocidental da Europa, faz com que ele dependa ainda mais de políticas de integração para manter sua competitividade.

A proteção da União Europeia

Ainda que Portugal esteja mais exposto, Krugman fez questão de lembrar que a sua integração à União Europeia oferece uma proteção importante. O acesso ao mercado comum, o apoio de fundos europeus e a coordenação de políticas monetárias e fiscais são amortecedores contra crises externas.

Ele mencionou também que a UE tem sido fundamental para ajudar o país a lidar com desafios estruturais, como o envelhecimento da população. Este ponto foi, inclusive, uma das maiores preocupações expressas por Krugman durante a sua fala.

O envelhecimento demográfico como desafio económico

Krugman alertou para o envelhecimento da população portuguesa, uma realidade cada vez mais presente em diversas economias ocidentais. Com menos pessoas em idade ativa, há uma pressão crescente sobre os sistemas de previdência e saúde, além de um impacto direto na produtividade e inovação.

A diminuição da população economicamente ativa pode comprometer o crescimento sustentado a longo prazo, e Krugman vê essa tendência como um dos principais obstáculos ao desenvolvimento futuro de Portugal — uma preocupação que deve ser enfrentada com políticas de incentivo à natalidade, imigração qualificada e reformas nos sistemas sociais.

Reflexão sobre a evolução de Portugal desde 1976

Durante a conferência, Krugman também fez um paralelo entre o Portugal que conheceu em sua primeira visita ao país, logo após a Revolução dos Cravos em 1976, e o país que vê hoje. Naquela época, Portugal ainda dava os primeiros passos como democracia, enfrentando grandes desafios económicos e sociais.

Segundo o economista, o progresso desde então foi notável. Ele destacou especialmente os avanços nas infraestruturas, na qualidade de vida e na integração europeia. “Portugal fez escolhas difíceis para se tornar uma democracia decente”, afirmou, elogiando o percurso político e económico do país nas últimas décadas.

Um olhar estrangeiro sobre o futuro de Portugal

O contraste entre Portugal e os Estados Unidos também esteve presente na fala de Krugman. Ele expressou preocupação com o atual estado da democracia norte-americana, dizendo mesmo que, ao voltar aos EUA, teria que lidar com uma realidade política preocupante.

Ao mesmo tempo, essa comparação serve para reforçar os avanços portugueses. Krugman vê Portugal como um exemplo de resiliência e adaptação, apesar das dificuldades enfrentadas. Para ele, o país soube navegar em mares turbulentos, mantendo-se fiel aos valores democráticos e apostando numa economia mais estável e integrada.

Conclusão

A análise de Paul Krugman oferece uma perspetiva valiosa sobre o percurso e os desafios da economia portuguesa. Embora destaque que Portugal está ligeiramente mais exposto aos efeitos das tensões comerciais globais, o economista reconhece também o papel estabilizador da União Europeia e os avanços conquistados nas últimas décadas.

O envelhecimento da população e a necessidade de manter uma economia competitiva e resiliente figuram entre os principais desafios para o futuro. Contudo, Krugman sublinha que, com escolhas corajosas e políticas públicas eficazes, Portugal tem condições de continuar a trilhar um caminho de progresso.

A conferência organizada pelo Banco de Portugal demonstrou a importância de refletir sobre os rumos da economia nacional com o apoio de vozes internacionais experientes. E, ao ouvirmos figuras como Paul Krugman, somos convidados a olhar para o futuro com mais consciência, responsabilidade e esperança.

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