Silicon Valley Bank quebrou em 48 horas. Como isso impacta o investidor brasileiro?
Essa semana uma notícia atingiu o mercado internacional de surpresa. O Silicon Valley Bank, maior banco de startups de tecnologia do mercado mundial, anunciou falência e foi adquirido por reguladores federais.
Com um grande impacto no mercado mundial, essa foi a maior quebra de um banco americano desde a crise de 2008.
Imediatamente, o mercado mundial, investidores e clientes se perguntaram qual o impacto no mercado.
Veja mais informações em nossa matéria sobre a crise do SVB e como que esta falência pode impactar o mercado brasileiro de investidores.
O que é o Silicon Valley Bank?
O SVB, Silicon Valley Bank, é um banco americano fundado em 1983 e tem como especialidade fornecer serviços bancários para startups de tecnologia.
O banco já forneceu financiamento para quase metade das empresas americanas de tecnologia e saúde que são apoiadas por capital de risco.
Embora sua fama esteja concentrada no Vale do Silício, o SVB era considerado um dos 20 maiores bancos comerciais dos Estados Unidos, com um total de ativos de US$ 209 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) no final do ano passado, segundo a Corporação Federal de Seguro de Depósitos dos EUA (FDIC).
O que levou à falência do banco?
A maior falência entre um grande banco americano desde a crise de 2008 foi a do SVB. Tudo começou na última quarta-feira, dia 7, quando a companhia anunciou a venda de US$ 21 bilhões em títulos de sua carteira.
Neste momento, se percebeu que várias foram as causas que levaram o SVB à falência. Segundo a instituição e os especialistas, as causas desta falência foram:
- Aumento das taxas de juros: O Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros há um ano para domar a inflação. Como consequências, as ações de tecnologia que beneficiaram o SVB foram reduzidas.
- Desvalorização dos títulos de longo prazo: As taxas de juros mais altas fizeram com que o valor dos títulos de longo prazo que o SVB e outros bancos adquiriram durante a era das taxas de juros ultrabaixas fossem desvalorizadas a um nível quase zero.
- Baixa rentabilidade da carteira de títulos: A carteira de títulos de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões) do SVB estava rendendo em média de 1,79%, enquanto o rendimento do Tesouro de 10 anos era de cerca de 3,9%.
- Seca de capital de risco: O capital de risco começou a secar, forçando as startups a sacar os fundos mantidos pelo SVB e, assim, gerando uma crise para o banco.
- Perdas de títulos imensa: O banco estava parado sobre uma montanha de perdas não realizadas em títulos no momento em que o ritmo de saques dos clientes aumentava.
Com a junção de todos esses fatores, o resultado foi a perda de capital do banco, fazendo com que ele viesse a trazer problemas para o banco.
Uma venda de ações no valor de US$ 2,25 bilhões foi anunciada pelo SVB depois que já tinha somado um prejuízo de quase US$ 2 bilhões, a fim de evitar o colapso.
Mas isso gerou desconfiança por parte dos investidores e clientes, que começaram a sacar seus recursos da instituição.0
Como resultado, as ações do SVB caíram 60% na Nasdaq no pregão da quinta-feira (9). No dia seguinte, o FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) decretou a falência do SVB.
De que forma a falência do SVB pode impactar os investidores brasileiros?
Desde a falência do banco americano Silicon Valley Bank, investidores brasileiros começaram a prestar atenção nas fintechs financeiras do país para saber qual a relação deles com o banco em questão.
Imediatamente, o Nubank informou ao mercado que não tem qualquer exposição ao SVB e a GetNinjas também se manifestou dizendo o mesmo.
O C6 Bank informou nesta segunda-feira que nunca teve qualquer tipo de relacionamento ou exposição ao SVB.
Embora as regras de sigilo bancário impeçam de saber exatamente a exposição das instituições ao SVB, especialistas acreditam que os grandes bancos brasileiros não estão envolvidos no problema, pois essas instituições tradicionalmente não têm costume para emprestar para essas empresas.
O mercado ainda tenta entender o impacto que a falência do SVB terá nos Estados Unidos e como isso pode afetar outros países, como o Brasil.
Existe a possibilidade de o banco central americano conseguir dar liquidez e financiamento adicional ao mercado, de forma a evitar que a situação do SVB se transborde para outros bancos e cause uma crise de corrida bancária semelhante à de 2008.
O que esperar a partir de agora?
De acordo com o analista sênior de mercado da Oanda, Ed Moya, bancos menores que possuem forte conexão com setores sem liquidez, como tecnologia e criptomoeda, podem enfrentar dificuldades em meio à atual crise financeira.
Embora isso não possa chegar a outras instituições bancárias, a campanha de aumento de juros do Fed já começou a impactar pequenos bancos, resultando em possíveis falências.
Como consequência, o FDIC normalmente vende os ativos desses bancos para outros bancos e usa os recursos para reembolsar os depositantes que não tiveram seus fundos segurados. No entanto, ainda há a possibilidade de um comprador surgir para o SVB, embora não haja garantias.
Como se proteger do impacto da falência do SVB?
Especialistas afirmam que os ativos brasileiros estão distantes dos problemas na Silicon Valley Bank (SVB), mas a volatilidade do mercado norte-americano pode afetar as carteiras de investidores no Brasil.
Para se proteger, a diversificação é sempre uma boa estratégia, com ativos de perfis diferentes e descorrelacionados, como empresas consolidadas com história de crescimento secular, que não sofrem tanto com taxa de juros e têm histórico de ganho de capital e pagamento de dividendos.
Além disso, é importante contrabalancear o portfólio e manter posições defensivas em momentos de incerteza.
Com isso, como investidor, você pode se proteger dos impactos da falência da SVB e garantir a segurança dos seus investimentos.
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Atualizado em 15/03/2023